terça-feira, 21 de agosto de 2012

Novo Centro de Saúde ainda à espera - dois milhões de euros de irresponsabilidade!


Ana Filomena Amaral

O novo Centro de Saúde da Lousã está concluído há tempo demais, mas ainda não foi posto ao serviço dos utentes. Foram detetados erros colossais.

“O edifício está praticamente pronto, inclusive já foi colocada a respetiva sinalética, sem qualquer tipo de envolvimento dos profissionais” das USF Serra da Lousã e Trevim Sol, do Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) e da Equipa Regional de Apoio e Acompanhamento da Reforma dos Cuidados de Saúde Primários (ERA), “o que contraria o próprio enquadramento legal das USF”, que exige ainda um parecer da própria ERA.

Eis alguns excertos da posição que o conselho geral da USF Serra da Lousã publicou no boletim da instituição, em março.

Um relatório que a USF enviou, há mais de um ano, à Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, ainda com o PS no Governo, já destacava problemas técnicos graves nas instalações, lamentavelmente atiradas, vamos lá saber por quê, para fora do centro da Lousã!

Estranha defesa do interesse público assumiram a Câmara Municipal e o PS neste processo. Tão empenhados estiveram, anos antes, na localização de um grande projeto privado, um hipermercado no caso, no meio da vila (o que não foi conseguido, face ao clamor que então se levantou, com o BE na primeira linha), tendo querido até alterar o plano de pormenor da Vaqueira, para depois imporem um Centro de Saúde longe da área urbana e dos demais serviços públicos, em terreno pago pela autarquia.

“Além dos erros técnicos focados no relatório efetuado em março de 2011, constata-se a ausência de pelo menos um posto de trabalho para o secretariado clínico, a ausência de quatro gabinetes médicos (…) e a ausência de salas de espera para os utentes!”, prossegue o mesmo conselho geral.

O novo equipamento, que custou dois milhões de euros, “não reúne todos os requisitos obrigatórios para uma USF em processo de acreditação”.

Os erros detetados podem “pôr em causa a idoneidade formativa e o processo de acreditação” da própria USF!

Concebido nos gabinetes sombrios de Lisboa, longe dos profissionais experientes e dos utentes sofredores, o edifício tem entorses graves desde o início.

Os utilizadores foram os últimos a saber, já a obra estava em curso. E a Câmara Municipal, que ofereceu o terreno, não exigiu acompanhar o processo?

E Fernando Carvalho, que se recandidatou em 2009, alegando que queria ser ele a inaugurar o Centro de Saúde e a nova Escola EB 1,2,3 (e talvez, ainda, o metro ligeiro!) abdicou dessa responsabilidade? E Luís Antunes, que ocupou a cadeira que aquele quis reservar-lhe, o que fez ou o que faz?

O novíssimo Centro de Saúde não tem espaço para acolher as duas USF que hoje funcionam no edifício antigo. O elevador não permite a entrada de uma maca!

O Centro de Saúde, aliás “USF da Lousã”, como constava do concurso público, deveria acolher “todas as unidades funcionais, incluindo a USF Serra da Lousã, já em funcionamento, a Unidade de Cuidados na Comunidade e a Unidade de Saúde Pública”.

Assim era garantido no portal do Ministério da Saúde, em setembro de 2009, em plena pré-campanha, quando a ministra Ana Jorge, então candidata a deputada pelo PS, esteve no lançamento da primeira pedra.

Afinal, segundo o conselho geral da USF Serra da Lousã, “não há espaço próprio para instalar” todas aquelas unidades. Urge agir em prol dos utentes e da Lousã.

Trevim, 14 de Junho de 2012

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