“Aquilo que deve ser a memória da nossa Freguesia”
Num tempo de crise e
dificuldade tende-se a fazer cada vez menos pela Cultura e História das
diferentes Localidades do nosso país. Deixar apagar a memória da nossa ou de
qualquer outra Freguesia é um erro crasso, que não deve ser cometido.
Faz assim bastante
sentido lembrar quem fomos, quem somos e o que queremos ser. O passado tem de
ser progressivamente relembrado, pois sempre me ensinaram que é conhecendo o
passado, que se encontram as respostas para o nosso presente e futuro.
Face a esta pequena
reflexão, é importante lembrar que a nossa Freguesia, sempre foi constituída
por Sardinheiros, Agricultores, Resineiros, Carpinteiros e muitas outras
profissões. Este é um elemento essencial da componente socioeconómica da nossa
Freguesia.
Assim, seria muito
interessante e quase que obrigatório, que o próximo Executivo da Junta da União
de Freguesias de Vila Seca e Bem da Fé revitalizasse a imagem do Senhor Padre
Luciano (que muitos de vós se lembram perfeitamente, e que muitas vezes o meu
avô me refere como tendo sido um padre que se dedicou à paróquia) que publicou
um livro, onde aborda as origens da Paróquia de Vila Seca; o tipo de
agricultura praticada pelos habitantes da paróquia e os caminhos que hoje em
dia não existem, mas que na época eram utilizados pelos nossos antepassados
para se deslocarem entre as diversas aldeias. Uma obra como esta deve ser, no
meu entender, utilizada como ponto de partida para uma melhor compreensão do
passado da Freguesia, sendo desta forma necessário revisitar o seu conteúdo
tendo em vista a publicação de uma reedição.
Outro aspecto que
merece ser tratado e estudado é a intervenção de todos os habitantes da União
de Freguesias na Guerra Colonial. Este elemento deve ser alvo de uma enorme
dedicação. Não podendo adivinhar o Futuro, podemos preveni-lo, e numa altura em
que cada vez menos jovens se interessam pela História de Portugal, é
fundamental reunir as memórias dos intervenientes da nossa União de Freguesias
na Guerra Colonial. O objectivo deste projecto é que num futuro próximo os mais
jovens tenham um acesso mais fácil e uma maior atenção à vida dos seus
antepassados que viveram as dificuldades desse período da história de Portugal
que faz parte de um passado muito próximo.
Uma das enormes
tristezas da nossa Freguesia é o abandono da Escola de Bruscos. Visto este
edifício ser praticamente novo, seria muito importante utilizá-lo para a
difusão da cultura na União de Freguesias. Assim, proponho utilizar a Escola de
Bruscos, que só funciona quando ocorrem eleições, para a apresentação de peças
de teatro acessíveis a todas as classes etárias população, para a organização
de tertúlias/debates direccionadas aos mais jovens e porque não também para a
criação de um Centro de Ocupação para as pessoas com “Mais Idade”.
A criação de um
pequeno Centro de Documentação, onde se reuniriam todos os elementos
participativos da História da nossa União de Freguesias (fatos dos ranchos
folclóricos; livros e documentação privada que muitas vezes é deitada para o
lixo pelas nossas famílias; fotografias sobre diversas festividades religiosas
e alegóricas realizadas nas localidades ao longo das últimas décadas e sobre os
vários grupos de teatros existentes na Freguesia; elaborar uma cronologia, onde
constem as datas mais importantes da História da União das Freguesias de Vila
Seca e Bem da Fé e por fim juntar todas as receitas tradicionais que passaram
ao longo de décadas e até mesmo séculos, pelas nossas famílias).
Para terminar,
gostaria de referir que este projecto podendo parecer muito ambicioso numa
altura como esta em que não se aposta na Cultura (e podendo nunca sair do
papel) é fundamental para uma melhor compreensão tanto da história das
localidades assim como das suas necessidades actuais. Para além disso, este
projecto ainda contribuirá decisivamente para uma expansão da cultura dos
nossos jovens que representam o futuro da nossa terra.
Sinto-me na obrigação
de vos dizer que a cultura é universal, não sendo nem de esquerda ou da
direita, de católicos ou de judeus, mas sendo de todos. Pertencendo a uma União
de Freguesias civilizada que permeia a cultura como uma das suas principais
formas de desenvolvimento e de qualificação, é nosso dever apostar na sua
história como um dos principais motores para o seu crescimento.
Sinceramente, espero
que o vencedor das eleições do dia 29 de Setembro, independentemente da sua cor
política, tenha a audácia e responsabilidade de adaptar estas propostas e
outras tendo em vista a revitalização histórica e cultural da “nossa NOVA União
de Freguesias”.
Tiago Ferreira
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