Resumo do primeiro debate de apoiantes da Moção A sobre "A Resposta do BE à Nova Situação Política e à Ofensiva da Austeridade e da Bancarrota", elaborado pelo Fabian Figueiredo e Miguel Cardina.
Poderão encontrar mais sobre informação sobre estes debates a nível nacional neste blog: http://debate-a.weebly.com/
O próximo debate, intitulado "A esquerda socialista face à crise política, económica e financeira da UE e do sistema capitalista internacional. Que caminhos para um europeísmo de esquerda?" ocorrerá no dia 29 de Outubro, Sábado, pelas 21:30, na sede Distrital.
Debate de Apoiantes da Moção A
A Resposta do BE à Nova Situação Política e à Ofensiva da Austeridade e da Bancarrota
Dia 4 de Outubro de 2011, 21H30
Uma preocupação que atravessou várias intervenções teve a ver com o facto do Bloco ter ou não ter uma alternativa global ao programa da troika. Salientaram-se propostas políticas que configuram essa lógica de alternativa, como o imposto sobre as grandes fortunas, a taxação das mais-valias bolsistas, a renegociação e a auditoria à dívida. Acentuou-se o acerto destas propostas, algumas delas ainda não totalmente evidentes durante o período eleitoral – a questão da renegociação e da auditoria – mas que têm vindo a ganhar relevo. Falou-se também da necessidade de explicitar melhor estas propostas e de conseguir mostrar melhor a relação entre elas.
Houve quem explicasse os maus resultados do Bloco em função da incapacidade em fazer passar a mensagem, sendo necessário trabalhar noutros canais de comunicação. Por outro lado, notou-se também o carácter pouco mobilizador do programa, que não parecia ter um “programa mínimo” exequível, apesar de falar de “governo de esquerda”.
A questão da alternativa à troika, levou ao debate sobre a linha divisória entre troikistas e não troikistas. A alguns presentes a linha divisória pareceu acertada e operacional, uma vez que a política hoje está claramente marcada entre um PS que defende o programa da troika e um governo PSD-CDS que quer ir além do programa da troika. A outros pareceu uma análise que do ponto de vista táctico apresenta limitações, já que dificulta o diálogo com sectores socialistas, de esquerda ou populares que, não tendo votado no Bloco ou no PCP, podem agora vir a engrossar uma necessária frente anti-neoliberal.
Falou-se também da necessidade do Bloco aprofundar o programa de forma a procurar dar uma resposta mais sistemática à ofensiva da austeridade. Ela terá de possuir uma forte dimensão europeia, até porque a própria lógica da austeridade, tendo especificidades nacionais, é sobredeterminada em termos europeus. O Bloco acerta quando, interpretando a crise como uma transferência brutal da riqueza do trabalho para o capital, entende a sua dimensão europeia. No entanto, talvez exista um défice de ferramentas para identificar isso. Ao lado de uns “Donos de Portugal” necessitaríamos de uns “Donos da Europa”. E de intensificar acções internacionais com partidos, sindicatos e movimentos de esquerda, o que se tem mostrado muito difícil.
Sendo o tema do segundo debate, as questões europeias acabaram por estar muito presentes na assembleia. Houve quem considerasse que o Bloco tem uma posição federalista ainda que não a denomine, desde logo porque ela hoje aparenta ser impopular. Houve quem alertasse para os problemas das formulações federalistas. Em comum, no entanto, a noção de que o Bloco deve defender um modelo social europeu e lutar pela democratização das instâncias europeias. As questões relacionadas com a saída ou não do euro também ocuparam algum espaço no debate. As maiores reservas a esta proposta basearam-se na impopularidade que esta tomada de posição poderia ter e o acantonamento político em poderia colocar a esquerda portuguesa, por outro lado, argumentou-se que é a única forma de manter o Estado Social.
Questionou-se também alguma adopção por parte da esquerda em geral de vocabulário que nada tem de neutro. É o exemplo do “crescimento” como solução para os problemas nacionais. Houve quem notasse para o facto de que ele não está necessariamente relacionado com a distribuição de riqueza, houve quem notasse a insuficiência de um discurso ecologista crítico do crescimento. As chamadas questões pós-materialistas também este presente na assembleia, com discussões sobre a sua pertinência em tempos de crise ou, em alternativa, a necessidade de saber introduzir estas temáticas – como a ecologia, os direitos das minorias ou a crítica ao consumismo – no discurso político e económico do Bloco.
Hugo Dias
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