terça-feira, 22 de novembro de 2011

Francisco Louçã incentiva à participação na greve geral

Francisco Louçã incentiva à participação na greve geral

Segunda, 21 de Novembro de 2011

Francisco Louçã esteve na Faculdade de Letras da UC onde participou no debate “Crise Económica e Social. Que respostas? Que soluções?" na quinta, 17, um dia depois da divulgação dos resultados da avaliação da Troika.


Francisco Louçã participou no debate “Crise Económica e Social. Que respostas? Que soluções?" na FLUC Foto por Ana Morais Share Submit Story to Digg Icon_twitter

O líder do Bloco de Esquerda (BE) esteve em Coimbra a debater a crise económica, precisamente uma semana antes da greve geral de dia 24, que o próprio espera que seja “uma das maiores greves”. Ao contrário do que sucedeu no mesmo dia do passado ano, acredita que “haverá contestação social significativa”.

Após a avaliação trimestral da Troika são esperadas novas medidas, que podem “originar a redução de salários”, afirma Francisco Louçã. Para o político, as alterações das reformas são o mais grave, pois “é retirado aos pensionistas aquilo pelo que trabalharam toda a sua vida”. Em ambiente académico, contestou ainda o aumento dos custos do ensino, a reduzida ajuda social e a diminuição das comparticipações do Estado no sistema de saúde.

A questão da diminuição dos feriados é sensível. Para o economista o governo não deve mexer no 5 de outubro visto o Centenário da República ter sido comemorado recentemente e Portugal ter sido um dos primeiros países republicanos.

Sobre o aumento da carga de trabalho, o deputado do BE insurgiu-se contra essas 2 horas e meia extra que considera “trabalho gratuito” e que causam “entusiasmo festivo nas entidades patronais”. Adiantou que no século XX nenhum país europeu o impôs, excetuando em períodos de ocupação militar. A ideia de juntar essas horas no sábado também é contestada, pois “antigamente o sábado era pago”. Francisco Louçã exprimiu a sua revolta face a alguns comentários que sugerem o pagamento de apenas 11 meses de trabalho e não 14, não pagando e reduzindo férias.

"Os gregos não estavam à espera que após a primeira greve algo mudasse"

O economista declarou que “quase nada destas medidas têm a ver com a questão da dívida”, apontando que “aumentar a carga de trabalho é simplesmente um ajuste de contas sobre os últimos anos democráticos” e que houve um “aproveitamento da crise para organizar a vida social em Portugal”, temendo o próximo ano como “o mais desesperante”. Francisco Louçã acredita que na greve da próxima semana haverá “movimentação e contestação significativa” e realça que “os gregos não estavam à espera que após a primeira greve algo mudasse”, daí a necessidade de surgir um movimento social com vozes suficientes – “a democracia não conhece outra medida”.

Francisco Louçã ironizou o facto de “não se conseguir acalmar o mercado financeiro”, comparando-o a um “bicho descontrolado”. Acrescentou que as medidas tomadas só irão dar razão ao mercado, aumentando a dívida e os juros e que reduzir o poder de compra só impede a criação de riqueza, criando mais recessão e austeridade. Para o líder bloquista, “reduzir os custos de trabalho na empresa é dizer por outras palavras que a exploração vai aumentar” e tais medidas só podem ter o efeito contrário: “baixa de produtividade pela falta de motivação”.

O caso BPN surgiu também em conversa, e Francisco Louçã criticou o Estado por se endividar para financiar a banca, “favorecendo o capital”. O economista satirizou que “se a Grécia fosse um banco era salva em poucos dias” e as dívidas perdoadas. Para o líder do BE, no caso europeu não se pode aplicar o termo “Dívida Odiosa”, embora concorde que foi criada sem o conhecimento e autorização das pessoas, “é ilegítima na mesma”. No sentido de combater a corrupção, o deputado do bloco de esquerda destacou as auditorias em Portugal, analisando “parcerias público-privadas” e outras que geraram a dívida. Na opinião de Francisco Louçã, “Portugal deveria rejeitar pagamentos com juros de 20%, pois a Troika financia-se a 2%, lucrando milhares em juros ilegítimos”.

Francisco Louçã comentou também o caso da Argentina, que pôde desvalorizar a moeda, mas manifesta-se contra qualquer ideia de saída do Euro, pois só iria piorar e “brutalizar a economia”. Denunciou que “chegamos a uma altura em que a democracia já não faz parte da agenda” e declarou que “a senhora Merkel age com arrogância e escolhe os governos dos países enfraquecidos”.



Hugo Dias

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