sábado, 4 de setembro de 2010

Carta de Jorge Moreira - Diário de Coimbra de 3/9/2010

De: Jorge Manuel Fonseca Moreira

Bruscos – Vila Seca – Condeixa-a-Nova

Fico deveras apreensivo quando somos bombardeados com notícias como aquelas que ultimamente em catadupa têm chegado até nós. Um hotel de grande prestigio no Algarve estava mal licenciado e ainda uma clínica de saúde a funcionar, sem licença.

Pasme-se ainda quando, a entidade responsável pelo dito hotel desobedece à ordem de fecho dada pela Câmara Municipal de Loulé, que sete dias depois, porque uma outra entidade o afirmou, vem agora dizer que o referido hotel pode funcionar. Afinal o dito hotel parece que tem licença.

Sendo permitidos tais acontecimentos neste País, somos induzidos a pensar, que além de outras coisas, não há confiança nem credibilidade nas instituições. Não há um diálogo franco duma confiança sustentada e honesta que produza entre as instituições publicas e privadas a necessária credibilidade e autoridade que
fundamentada com razão venha a resultar em beneficio social.

Este desfecho em que a Câmara de Loulé, dá o dito por não dito cria em nós, ainda mais, dúvidas.

Devo perante isto perguntar o que todos questionamos. Quem alguma vez autorizou o funcionamento inicial da clínica? E o hotel tem ou não tem licença? Agora a quem se vai atribuir responsabilidades da transgressão e do “teatro”.

Neste nosso Portugal fértil em casos destes e que rótulo de incríveis, quero deixar aqui Publicamente a minha indignação no que respeita a noticias deste teor, as quais me parecem próprias dum País sem regras com apenas ricos e pobres.

Fica para a História e para a nossa, má, lembrança que foi permitida a abertura no Algarve, não se sabe por quem, duma clínica de saúde sem licença que deixa cegos quatro pacientes seus, submetidos a uma intervenção cirúrgica aos olhos e um hotel que também não tinha licença e agora já tem.

Esta foi a consequência visível de actos irresponsáveis, cometidos sem que haja autoridade para fazer parar ou impedir as instituições ou as pessoas. Parece que o Algarve é pródigo em casos deste tipo, sabe-se lá porquê. Agora depois da casa roubada, as Câmaras locais pretendem fechar os tais espaços de saúde.

Creio dever voltar a pôr algumas importantes questões: E agora, será que dantes não eram necessários licenciamentos? Só as eventuais indemnizações vão punir as irresponsabilidades cometidas? Como é que estas coisas são permitidas? Ainda vamos a tempo de corrigir as outras situações e impedir outras que, tal como esta estão a funcionar há anos sem licença?

Um outro assunto merecedor de reparo é o facto de uma outra noticia, nos dizer que Turistas Portugueses num “resorte” duma instância Turística, perto de Albufeira no Algarve, terem uma diária que em dez dias soma um total de vinte mil euros, afinal mais do que recebe de vencimento metade da população activa deste
País.

Coerente com mais esta notícia vergonhosa, especialmente numa altura em que se pedem tantos sacrifícios á classe Social mais baixa, sempre com o objectivo de pagar a crise, somos informados que um ministro de Santana Lopes, foi reformado na passada semana, com a “módica” quantia de sete mil euros por mês.

Estes, elucidativos, casos estão ainda e do mesmo modo, em consonância com o amento do número de Gestores Publico e os muito grandes vencimentos que lhes são dados. Que vergonha! Isto confere autênticos atentados à Pobreza! Se todos fossem reformados pelos diversos trabalhos onde passaram e com reformas
significativas, a sustentabilidade da Segurança Social estaria certamente ainda pior.

A par destas incompreensíveis e injustas diferenças de vencimentos e rendimentos oriundos do trabalho, estão outras notícias também preocupantes, que nos diziam no passado dia 12 do corrente, que as já caríssimas portagens irão sofrer novos aumentos em 2015 , consumando o pensamento elitista, que determina o “utilizador pagador”. No mesmo sentido há orientações e movimentações para que também a água suba de preço, fazendo crer que com esta medida apenas se pretende a uniformização dos preços, deste bem essencial. Assistimos a todas estas afrontas Sociais impávidos e serenos.

Um outro tema cuja notícia recente nos volta a deixar perplexos, esta a propósito do destruidor incêndio de S. Pedro do Sul, dava-nos conta duma entrevista feita ao senhor ministro da Administração Interna Sr. Rui Pereira. Dizia aquele senhor que uma das principais causas dos incêndios, eram as más limpezas das matas.

Neste mesmo contexto expressava convicto e determinado, que as Polícias iriam estar atentas e punir exemplarmente todos aqueles que não cumpriam as regras de limpeza das matas. Impressionante na mesma reportagem falava também um popular, que exausto e enervado perante a tragédia, dizia que as matas particulares eram limpas as do Estado é que não.

Será que o Sr. ministro vai ordenar a punição exemplar do Estado, por más práticas, deste, quanto má manutenção da sua floresta? Ou se tudo o que disse foi proferido no calor da fogueira e como tal se desvaneceu como o fumo.

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