Adeus a Georges Moustaki

Miguel Romero *

Não há melhor companhia do que a música, quando alguém quer estar só, mas acompanhado.
Escrevo esta nota enquanto me acompanham, como inúmeras vezes, as canções de Georges Moustaki (tão formosas, tão valentes, tão quentes... Portugal, Le métèque, Ma solitude, Le temps de vivre, Ma liberté… La femme qui est dans mon lit e Je ne sais pas oú tu comiences), que estão entre as mais belas canções de amor que sempre escutei…
Procurei na net as suas canções. Encontrei “Sem nomear”, que talvez não seja das melhores. E faltam, creio eu, algumas siglas no videoclip. Moustaki foi toda a sua vida um libertário, mas não há que exagerar… Em todo o caso, esta é uma grande canção e basta ler a letra para entender porque a escolhi.
Graças Mestre!
 
 

Sem nomear
Eu queria, sem a nomear,
Falar-vos dela
Uma muito querida,
Uma insubmissa
Uma rapariga bem viva
Que desperta
Nas manhãs que cantam
Sob o sol

Ela é a que odeiam,
Perseguem, acossam.
Ela que se indigna,
Sofre, faz greve
A que prendem,
Atraiçoam, abandonam.
A que nos dá força para viver
Força para a seguir,
Até ao fim, até ao fim
Eu quera, sem nomear
Prestar-lhe homenagem
Formosa flor do mês de maio
Ou fruta silvestre
Uma planta bem plantada
Sobre as suas duas pernas
E que conspira livremente
Onde quer
Eu queria, sem nomear
Falar-vos dela
Bem querida ou mal querida
Ela é fiel
E se quereis que eu  vos a apresente
Chama-se
Revolução permanente.
 

Veja em: http://www.youtube.com/watch?v=ouaytC9njFU

Publicado em: http://www.vientosur.info/spip.php?article7982
Tradução: António José André