Sr Presidente da Câmara
Senhoras e Senhores Autarcas
Senhoras e Senhores Convidados
Ao comemorar o 36º aniversário do 25 de Abril, o Bloco de Esquerda saúda mais uma vez os militares de Abril que desencadearam a revolução dos cravos e reafirma a sua determinação de continuar a lutar pelas bandeiras que emergiram do processo revolucionário que se lhe seguiu, em 74 e 75.
Esse processo, profundamente participado e democrático, expressou as mais profundas aspirações do povo português.
Na rua, no campo, nas empresas, nas escolas nos bairros por todo o lado, a luta abriu caminho à liberdade, à democracia, ao bem-estar, à paz.
Hoje, olhando para trás, 36 anos volvidos, temos uma democracia que não responde a questões económicas e sociais, pelo que não pode ser considerada uma Democracia, registe-se que Portugal é hoje o 2º país da UE com maior desigualdade entre ricos e pobres.
As gerações mais novas, nunca conheceram outra coisa senão crises económicas, sociais ou políticas, portanto, as forças políticas que governaram Portugal nestes 36 anos, não só não cumpriram os ideais de Abril, como alienaram o nome de Portugal.
Por tudo isso, hoje, tal como há 36 anos, as bandeiras da liberdade e da democracia continuam a ser os baluartes do Bloco de Esquerda, que com a força da participação e mobilização popular, tudo fará para cumprir esses desígnios.
Pela força que a razão nos dá, é em nome da dignidade e da transparência que urge acabar com os escândalos da corrupção que minam impunemente o nosso País, acobertados por um governo que arrasta o nome de Portugal para caminhos e situações ignóbeis, que nos envergonham, guiando-nos a cada dia que passa para o abismo económico e social.
É em nome da dignidade, que se impõe garantir trabalho aos mais de 10% desempregados, muitos deles jovens com elevadas habilitações, mas desprezados e lançados para empregos precários e sem futuro, ou para o estrangeiro, como aconteceu nas décadas de 60/70 do Século XX.
É em nome da dignidade que urge acabar com as reformas milionárias que alguns acumulam com outros cargos, quando crianças chegam às escolas em jejum porque já não há pão e leite em casa, ou quando outros estudantes deixam de estudar, porque os seus pais não têm como pagar.
É em nome da dignidade que devem ser diminuídos os escandalosos ordenados pagos a tantos que nada produzem, ( ia dizer salários, mas esse é um termo para os pobres ),bem como linearmente eliminados os prémios dos gestores das empresas onde o estado tem participação. Estas e outras situações são vergonhosas e indignas, quando a pobreza impera, quando os ordenados não são pagos, quando se ataca ferozmente o poder de compra da classe média, quando os reformados vivem miseravelmente, quando o abismo social se cava cada vez mais fundo. Tal como em Abril de 74, impõe-se exigir respeito por quem vive do seu trabalho ou da sua magra reforma.
É igualmente em nome da dignidade que se devem rever as políticas liberais do Código do Trabalho e integrar nos quadros os precários da administração pública .
É em nome da democracia social, que se impõe defender o Serviço Nacional de Saúde, geral, universal e gratuito acessível a todos e em todo o país. Esta é hoje, uma exigência tão actual como em 74, ou talvez ainda maior, tendo em conta os serviços que o governo encerrou em todo o país, bem como o aumento das listas de espera para consultas e cirurgias de doentes em risco, retrocedendo - se assim na coesão e igualdade.
É em nome da democracia social que o Estado não deve privatizar os CTT, tal como outros serviços públicos, impedindo a sua entrega a retalho, á voracidade dos apetites dos grandes grupos empresariais, sempre à espreita de novas oportunidades de negócios, que não se coadunam com as necessidades dos mais desfavorecidos.
É em nome da democracia que, urge defender a Escola Pública, respeitando e fazendo respeitar os seus profissionais, todos os dias desconsiderados, tratados como malfeitores ou parasitas.
É em nome da democracia e da liberdade que devem ser criadas condições para que não haja sequer suspeita, sobre a liberdade de expressão e de informação
É em nome da democracia e da liberdade que se devem criar todas as condições para que não existam quaisquer suspeições sobre o poder judicial, de forma a que este possa exercer os seus poderes de uma forma independente, quer em relação ao estado, quer em relação aos grandes interesses económicos.
Neste dia da liberdade, queremos ainda expressar a nossa profunda solidariedade para com o povo do Saahara Ocidental, onde os direitos humanos estão a ser espezinhados e cuja história recente mais parece um decalque da que foi vivida pelo povo de Timor Leste até ganhar o direito a ser um Estado independente com o patrocínio da comunidade internacional. A greve de fome de mais de 30 activistas saharauis, presos em Rabat, exige que o silêncio não prevaleça. E um país que soube ser solidário com os timorenses não por interesse próprio, mas para que o primado do direito e da decência fosse garantido, não pode fingir que nada se passa aqui mesmo à nossa porta.
Término esta minha intervenção, citando Sofia de Mello Bryner, que, tal como outros poetas de Abrir tão. bem soube expressar o sentimento da liberdade, é bom que os nossos governantes, ao nível do poder local e central tentem de novo sentir o doce perfume dos cravos, de que seguramente já se esqueceram, bem como reler e reflectir sobre a metáfora que encerra este pequeno poema!
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Esta é a madrugada que eu esperava!
Muito obrigada a todos e viva o 25 de Abril.
Pela bancada do BE, 25 de Abril de 2010
Maria de Lurdes Mendes Simões
assistindo a todas as tropelias que vos são feitas registo com agrado e admiração a vossa coragem e honestidade política. foi para intervir activamente que fostes candidatos e tem sido esse o vosso caminho numa demonstração clara e evidente dos objectivos políticos a que nos propusemos.é evidente que o BLOCO deve sentir orgulho por vos ter como representantes.não se deixem abater e continuem firmes na defesa dos objectivos de uma Esquerda permanente e nunca uma esquerda de ocasião. um abraço para a bancada do Bloco na assembleia municipal. jorge mateus
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